No último sábado dia 28 de Agosto, aconteceu no Priorado Nossa Senhora Aparecida e São Norberto a Solenidade de nosso pai na Regra Santo Agostinho, neste dia foi celebrado a primeira Profissão Religiosa do formando Frater André Luís Faustino Dos Santos.

Abaixo segue a homilia que nosso Prior Cônego Michel Valério, O.praem proferiu a comunidade e ao formando que realizava sua primeira profissão religiosa

Queridos confrades do nosso Priorado, queridos irmãos e irmãs, aqui presentes, irmãos que nos acompanham pela transmissão, especialmente, os familiares e amigos de nosso Irmão André Luis que professa hoje, pela primeira vez, os votos religiosos temporários. Irmãos, uma frase forte que norteia essa solenidade de nosso Pai Santo Agostinho, que ele contemplou, viveu e lutou por essa causa.

Ouvimos no salmo: Vejam o quanto é bom e agradável os irmãos viverem juntos bem unidos! Celebrar nosso Pai Santo Agostinho, nesse ano que toca, particularmente, o Jubileu de 900 anos de fundação de nossa Ordem Premonstratense, é recordar que nosso Pai São Norberto, quando escolheu nossa regra de vida, observou com grande amor a grandiosidade da vida e o exemplo de santidade de nosso Pai Santo Agostinho. Sua vida foi inspiradora para a Igreja, por isso ele é um grande doutor, um grande santo que influenciou a vida de tantos santos. Como é importante voltarmos sempre à fonte de nossos primeiros amores, que encontram, claro, suas bases fortes no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, a boa notícia que chegou até nós.

Ali está a nossa fonte inesgotável de amor, de segurança, a nossa fonte de eternidade, fonte de santidade perfeita que precisamos buscar sempre se quisermos permanecer, nutridos, hidratados pela graça do nosso Deus. Esse Evangelho perpassou a vida de muitos santos, especialmente a vida de nossos pais fundadores, chegando até nós como grande impulso para seguirmos firmes neste mesmo propósito. Sabemos que um dos temas que foi particularmente importante para Santo Agostinho foi a unidade da igreja, a unidade dos irmãos. Santo Agostinho pensou no poder de uma comunidade unida que reza e assim gera força e se torna mais convincente na pregação do Evangelho, que deve ser testemunhal. Santo Agostinho teve muitas e boas razões para pregar essa unidade. A igreja, no seu tempo, era uma Igreja dividida, uma igreja com tantos desafios entre todos os povos. Por isso santo Agostinho, na sua santidade, percebendo a complexidade do problema, propõe o retorno ao amor primeiro, e o amor é unitivo. Santo Agostinho se deu conta de que um corpo onde existem divisões fica adoecido, não cumpre os seus propósitos e está sempre fadado ao fracasso.

E, claro, desejando que suas comunidades, desejando que o povo a ele confiado, não fraquejasse, propôs a unidade pela força do Evangelho. Hoje, precisamos refletir, meus irmãos e irmãs, diante desta proposta bonita e edificante de Santo Agostinho, como está nossa comunidade? como está nossa Igreja? como está nosso Priorado? Se estamos unidos, o que está nos unindo de fato? Se estamos divididos, o que está causando esta divisão? Santo Agostinho nos convida a fazer essa reflexão todos os dias. Podemos também pensar: O que diriam nossos pais Agostinho e Norberto se visitassem hoje a nossa casa? Santo Agostinho entendeu a complexidade das situações que geravam divisões.

Ele não apenas tentou convencer os outros, mas também tentou trazer a paz e procurou a justiça tanto quanto foi possível, no seu tempo, por seu exemplo, pela sua fidelidade, pelo seu amor ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. É certo que ele, de modo pessoal, sofreu e lutou contra as divisões.

Em seu comentário sobre o Salmo 133, ele discutiu o contraste entre os irmãos que vivem juntos em unidade e as grandes divisões de seu tempo, os tantos pensamentos filosóficos e ideológicos que afastavam os povos de Deus. Os irmãos e irmãs que vivem juntos em harmonia são, para nosso pai, Santo Agostinho, como religiosos que através de sua vida em comunidade, partilham tudo, porque já vivem na certeza de possuírem o céu. Tudo que possuem é partilhado com amor em verdadeira e total doação.

Meus irmãos, Santo Agostinho recordou-nos o que Evangelho nos pede: Vivermos num só coração e uma só alma, a caminho de Deus, é uma citação da Regra na qual fazemos profissão e que resume isso muito bem. A unidade não pode ser algo superficial, teórico. Ela deve ser verdadeira. É claro que existem opniões diversas, existem muitas diferenças entre nós e isso é bom e necessário para a vida de uma sociedade plural, de diversos pensamentos. Todos devem ser respeitados em sua própria visão, percepção e experiência de vida que possuem. Meus irmãos que o coração e a alma de cada um, em nossa comunidade, seja respeitado porque é o próprio Deus que toca o coração e alma de cada um.

E é cada um com o seu dom que apresenta a beleza de sua vocação, de seu chamado. E tudo isso, para nós, é fruto da graça de Deus. Para ser um só coração e uma só alma é necessário que acreditemos e saibamos que o irmão, seja ela quem for, tem também um coração e uma alma que precisam ser respeitados. Isso é muito precioso para nós e, muitas vezes, nos esquecemos de respeitar esse terreno sagrado que é o outro. Santo Agostinho nos convida a essa unidade, nos pedindo para que sejamos um terreno fértil, que saibamos respeitar as diferentes opiniões.

Que saibamos buscar o verdadeiro coração, a verdadeira alma, em Deus que ama a todos sem distinção. Meus irmãos, como portadores da presença de Deus, aqui estamos, para dar testemunho da verdade do Evangelho que acreditamos. É por isso que é impossível amar a Deus sem amarmos os nossos irmãos. E tudo isso é muito claro para nós no santo Evangelho. Peçamos ao Senhor Deus que nos dê a força do Seu Espírito Santo, pela intercessão de Santo Agsotinho, e com o seu poder e Seu amor possamos viver sempre buscando essa unidade onde o ódio trouxe divisão. Onde faltar amor, que saibamos pelo nosso testemunho levar amor, esperança, paz, conforto.

Caro Irmão Andre, ao professar, pela primeira vez, os votos religiosos de castidade, pobreza e obediência, na nossa comunidade, que você tenha este coração indiviso, coração capaz de amar, de se entregar, de confiar e de acreditar que estamos, no caminho certo. Que seu coração tenha a mesma vibração do coração de nosso Pai Santo Agostinho, que não repousou enquanto não descansou em Deus. Essa inquietação positiva que nos leva ao encontro como nosso Pai. Por isso, caro irmão, não se canse de fazer de sua consagração testemunhada por todos os irmãos, testemunhada por seus familiares, testemunhada por nossa comunidade, não se canse de fazer o bem, de se entregar, seja sempre autentico, comprometido, fiel e venha fortalecer a nossa comunidade respondendo seu chamado e somando-se a nós para que estejamos, de fato, unidos num só coração e numa só alma, pela força da nossa consagração, bebendo sempre da fonte do Evangelho e indicando o caminho que nos foi proposto pelo nossos pais, São Norberto e Santo Agostinho. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Côn. Michel Júnior Valério, O.Praem

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